quarta-feira, 27 de julho de 2022

A Hispanidade para o mundo Lusófono do Século XXI - Livro - David Vega

 


CLIQUE NA IMAGEM PARA FAZER O DOWNLOAD DO LIVRO EM PDF.



Em 1494, através do Tratado de Tordesilhas, as duas maiores nações da Ibéria dividiram o mundo. Embora Portugal se lançou ao mar através da facilidade de sua saída ao Atlântico por conta da suposta ameaça de Castela, é sabido que ambas culturas sempre foram uma única; o amálgama de povos de um tronco comum, identitários que lutam por uma unidade na diversidade. Após as coroas se unirem em torno de Felipe II, como uma só nação, a península foi dona do globo terrestre. O Brasil como entendemos surge à sombra desta união, resultante de uma cultura transplantada que inventou nações e criou uma nova gente, uma população de todos os fenótipos, incorporando elementos nativos da América e da África em uma reedição da cultura hispânica, uma raça cósmica, aliançadas pelos idiomas de Camões e de Cervantes, compondo o universo ibero-americano que é uma nova Roma, a latinidade nos trópicos.

Neste livro, defendo o mundo lusófono, por consequência o Brasil, como sendo parte do movimento hispanista idealizado pela Geração de 1898, alguns de viés pessimista, outros nacionalistas exacerbados, porém nos seus particularismos deixaram etnografias que hoje nos faz repensar o papel da América Luso-Hispânica do século XXI.

Orelha:

Este que vos escreve é natural de São Paulo de Piratininga, terra de Anchieta. Filho de pai espanhol, nascido em Leon, no pueblo Huerga de Frailes, muito próximo à região da Maragatería (Astorga) – província que já foi palco da Legio VII Gemina romana e um reino independente, uniu-se com a velha Castilla e tem seu escudo presente na bandeira da madre pátria – e de mãe caipira, do interior do estado insurgente que forjou o Brasil e seu território. Da fusão de dois mundos que se complementam eu vim, e desde pouca idade jamais consegui separar a cultura hispânica paterna da luso-brasileira materna.

Neste livro, explico com exemplos históricos e antropológicos o motivo pelo qual considero a Iberia uma coisa una, por consequência, a América de além mar, partes da África e as antigas possessões na Ásia, também teriam o mesmo destino; são crias da velha península que transplantou sua cultura ao redor do globo – “Não há pedaço de terra no planeta sem uma tumba ibérica” já diz o ditado.

Faço um retrato sociológico dos rostos de todas as cores e credos incorporados à latinidade, que hoje falam as línguas de Camões e Cervantes, produzindo um mundo peculiar ligado por um cordão umbilical que jamais se rompeu. Em tempos que se falseiam a História, rejeitando tudo o que lembra a narrativa do “conquistador”, o decolonialismo pode se contrapor ao imperialismo ianque atual, mas jamais negar o sangue e a alma das nações que nos forjaram.

Não trato da Hispânia (como chamavam os romanos) apenas como um local, mas sim uma unidade de espírito, o norte que agrega o melhor de todas as raças formando um novo gentílico, cósmico, capaz de contribuir para sociedades que se padronizam, através de sua cosmovisão herdada de uma gente guerreira, nobre, aristocrática, não no sentido pejorativo do termo, mas de um povo que ainda tem uma psiquê que nos remete ao mundo antigo, à capacidade de ser filósofo-artista e soldado, resistente ao dinamismo da pós-modernidade, mesmo que tal manifestação ocorra de forma inconsciente. E é justamente esta qualidade de “cavaleiro andante”, de não se atar às regras e ao trabalho alienante, de ser questionador e eterno rebelde presente no ibérico que pretendo valorizar neste manifesto.

Divulgação do Livro:



A Hispanidade para o Mundo Lusófono é uma proposta feita através de uma argumentação sociológica, antropológica e histórica sobre a grande Ibéria e seus desafios para o século XXI. Uma federação nos moldes constitucionais que respeite a autonomia de seus particularismos, seria plenamente possível entre as duas nações da velha península de além mar para o século XXI, e diria ainda mais, para a Hispano-américa (incluindo o Brasil) e toda a iberosfera. Não é a defesa de submissão às antigas metrópoles, mas uma união cultural, com cada país, seja monárquico ou republicano, exercendo a sua soberania. Remover fronteiras não significa a dissolução de poderes locais!

Para tanto, justifico a visão de um universo ibérico não centrado em uma raça em específico, dado a complexidade de povos que formaram Portugal e Espanha e os demais que foram incorporados em seus antigos virreinatos (vulgarmente chamados de colônias). José Vasconselos já falava que o mestiço é uma “raça cósmica” (leia-se o temo referente à cultura também). Viriato, o expoente herói da Lusitânia, é herói em Espanha também, pois suas tribos eram do tronco celtibero que depois da romanização, trouxe a face dos filhos de Netón às legiões que mais tarde, já cristianizados, visigodos e suevos anexariam com a queda do império e a ascensão de Alarico. Vale lembrar, que entre os mouros que cruzaram Gibraltar, depois de uma traição e disputa interna entre os visigodos, vários povos compunham os exércitos de cimitarras baixo uma elite árabe, porém entre eles, até eslavos do leste e descendentes dos persas haviam. A Reconquista que se concluiu em 1492 teve a sua continuação após as descobertas de Colombo e Vespúcio quando se iniciou o povoamento das Américas pelos ibéricos. Se em 1494 o mundo foi dividido entre esses dois povos irmãos, o cordão umbilical da Ibéria nunca foi rompido, apesar de disputas inclusive em solo brasileiro entre bandeirantes e jesuítas, ou os insurgentes que se levantaram contra Felipe II. Rivalidades à parte, o tipo de colonização português teve características muito similares ao espanhol, dando uma espécie de unicidade entre os falantes dos idiomas de Camões e de Cervantes. Nos Lusíadas é mencionado na epopeia de Vasco da Gama, o navegante, como herói das duas Espanhas! Ambos povos fruto da fundição de raças que gerou um amálgama inquebrantável, preservando o melhor de cada etnia, o rosto amorenado do gaúcho, cujas origens maragatas tem influencias árabes e indígenas, com vestimentas da região da Maragatería, em León. Também dos mamelucos paulistas no início da Capitania de São Vicente; bandeirantes como Bartolomeu Bueno da Silva, ou o próprio Anchieta, nascido nas Ilhas Canárias embora sua origem fosse basca. A antiga Filipéia, capital da Paraíba antes de se chamar João Pessoa, o nome era homenagem a Felipe II. Como a noção do V Império do Padre Antonio Vieira também era uma espécie de Hispanidade, o ideal da Latinidade de uma Nova Roma. A cultura hispânica, e leia-se, de ambas nações, pois aos romanos a Hispânia era toda a península, deixou marcas não só no estilo das casas bandeirantes, que se assemelham às de adobe em Quito e as de Bolívar na Grã-Colômbia, como no nosso palavreado local, o “Oxente” do baiano, de influência galega, como produziu diversas figuras de nossa História.

Também abordo no livro as estruturas que herdamos inclusive da Ibéria medieval em solo nacional, não apenas explicando a hacienda da hispano-américa, bem como a Casa Grande e sua união com a senzala, exemplificada por Gilberto Freyre (que é nome referência ao estudo do hispanismo no Brasil) e as relações de compadrio que se assemelham ao comitatus dos visigodos. O FOEDERATI, berço da noção de federação que temos, já era praticado por esse sistema de fidelidade, a FIDES, onde unidos por um mesmo sangue, senhor e servo se reconheciam como primos ou parentes, embora houvesse distinção social, e no livro não tenho a intenção de manter velhas estruturas arcaicas, mas trazer ao estudo uma característica comunal que forjou uma peculiaridade inclusive ao nosso capitalismo e relações de Estado, fundindo o público com o privado e pouco afeito à impessoalidade, a crítica é primordial. Curioso é conseguirmos identificar essa estrutura de sociedade nos interiores do Brasil antes da urbanização, mesmo entre povos miscigenados marcados também pelo escravismo, o que nos prova que é possível dar uma brasilidade e hispanidade ao povo de toda América de línguas latinas, independente do fenótipo de seus filhos. Darcy Ribeiro já apontava a prática do cunhadismo, do qual João Ramalho e Caramuru são figuras ícones.

Pensei que era imprescindível escrever algo sobre o tema, sendo eu um exemplo dessa integração de nações e continentes irmãos; sou filho de pai espanhol e de mãe caipira, que metaforizam a união de povos siameses com os rostos opostos, porém na contemporaneidade, se reconhecem muito mais nas convergências do que nas ideias que há anos vem tentando separar-nos, importando tudo o que vem de Paris e Londres. Somos a união da Malinche com Cortez, e um não precisa anular o outro! O uso da Leyenda Negra por parte dos inimigos de Castela é abordado no livro também, explico como Guilherme de Orange da Holanda, ainda nas guerras entre protestantes e católicos durante o reinado de Carlos V, forjou narrativas contra a Inquisição, depois iriam anexar os relatos particularistas de Bartolomé de las Casas e dos filhos de Francis Drake, os ingleses, aplaudidos pela rainha, que martelaram contra a madre pátria por séculos. Tal prática seria usada depois pelo Big Stick estadunidense visando sua influência sobre o continente, principalmente depois da derrota da guerra hispano-americana de Cuba, em 1898.



Trago à discussão uma outra versão da chegada dos primeiros europeus modernos ao Brasil, em que Vicente Yáñez Pinzón, irmão de Marin Alonso, que esteve nas caravelas de Colombo, teria chegado ao Cabo de Santo Agostinho no litoral pernambucano, antes de Cabral aportar em Porto Seguro (o que não invalida a figura de Cabral como o precursor do que entendemos de Brasil hoje). O sebastianismo é descrito também, este tem características peculiares em nosso solo, e tal movimento só foi possível depois do desaparecimento de Dom Sebastião, tendo como consequência a União Ibérica (1580-1640). O caso da nossa Amazônia, em que Francisco de Orellana foi o primeiro a navegar, mas o português Pedro Teixeira foi o primeiro a fazer o percurso completo. Provando que tal território é soberano e do Brasil! Bem como as partes que ocupam nossos países vizinhos também lhes pertencem, e não a nações que visam toma-las de nós. A disputa que se terminou com o Tratado de Madrid (1750) não se dá mais entre portugueses-brasileiros e hispânicos irmãos, mas entre interesses de povos do mundo inteiro que usam ideologicamente antigas feridas entre povos de uma mesma origem, única e exclusivamente para dividir e assim conquistar.

O primeiro evento que nos marca como nação, ainda no Brasil colônia, quando expulsamos o invasor batavo, mostrou um exemplo de brasilidade! Onde mamelucos, cafusos, brancos, negros, portugueses e hispânicos que aqui viviam, foram comandados pelo general negro, Henrique Dias, e assim se iniciou a vontade de um povo diversificado, que anos mais tarde viveria unido baixo uma mesma bandeira.

Além do caráter histórico do livro, faço um aparato de observações e algumas conclusões e propostas para que reinventemos nossa Iberosfera, seja na América, na Península, em África ou Ásia, e para todo descendente que viva em algum país não latino também, independente de seu idioma ou aparência, pois sempre irá pertencer à família da latinidade. Não digo que o socialismo nos moldes bolivarianos seja a solução, trazer um falso nacionalismo e uma leitura dos nossos heróis do passado falaciosa só prejudica nossa posição no mundo em nome de doutrinas execráveis! A liberdade é fundamental, mas em uma época de múltiplos polos, também precisamos preservar nossas instituições democráticas sem perdermos nossa característica cultural. O Brasil e nossos países vizinhos sempre foram vistos como “vira-latas” aos olhos dos preconceituosos, e chegou a hora de assumirmos para o mundo com orgulho o que nós somos, deixarmos de ser estrangeiros na nossa própria terra, desterrados na nossa própria pátria. A hispanidade e junto, a portugalidade, é também a africanidade e o indigenismo, todos juntos, na construção de um continente unido, que irá contribuir para o planeta com seus particularismos, sem separatismos, sem anular o todo – a unidade na diversidade!



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qual a visão de Brasil e América Hispânica que temos?

É preciso sempre deixar bem claro que nossa iniciativa é meramente um movimento CULTURAL. Quando dizemos que o Brasil se insere no universo ...