quinta-feira, 28 de julho de 2022

A Rebelião das Massas - José Ortega y Gasset

José Ortega y Gasset foi o autor que escrevia na Revista de Ocidente, pensador expoente da Generación de 1914, menos conhecida que a de 1898, mas fundamental para entender o processo de racionalização na Espanha, sendo ele figura que orbitou no liberalismo, este, visto pela ótica considerada por alguns como “elitista”, mas de fato, um grande defensor dos “aristos”, os melhores, que compõe a minoria dos povos e é uma resistência à ditadura da maioria, às massas imperantes destruidoras, como ele aponta e trabalha no seu célebre “A Rebelião das Massas”.

Suas influências estão na filosofia alemã, hegeliana, neokantiana e até em menor grau, weberiana, embora tenha se posicionado em favor das democracias na Primeira Guerra Mundial contra o império alemão do Kaiser. O fim da Grande Guerra propiciou a sociedade de massas, a propaganda de massa, a cultura massificada; meios de comunicação como o rádio e o Cinema, além dos movimentos políticos do homem massa, o objeto de estudo de Ortega.

Os aristos seriam os mais virtuosos, dotados da “virtú”, é a elite intelectual que anula as grandes massas, o conceito de elite sociológico, não a burguesia materialista, mas aquela da cultura erudita, ameaçada pelos grandes coletivismos. A condição do homem massa não se dá pela sua posição social, ele pode ser massificado e alienado mesmo dentro da minoria rica de um país, dentro da burguesia ascendente se encontram vários, e em uma sociedade mensurada pelos bens materiais, não são os verdadeiramente mais espiritualizados no sentido de elevados, de virtuosos até, os que ocuparão as lideranças, pois é a sociedade do homem ordinário e comum, massificado, que mudou a lógica das estruturas.

A nobreza também não está relacionada à condição social e material. A incultura não é exclusiva de uma classe social apenas, bem como os de espírito aprimorado. Tanto os fascistas quanto os comunistas eram produtos do homem massa, indiferentes ao melhor que as culturas produzem, os coletivismos negavam as tradições, indiferentes também à democracia dos mortos, àquilo que funcionou e se manteve conservado durante várias gerações (as democracias representativas modernas tem o aspecto massificado também). Daí temos pessoas progressistas que negam o lado positivo da tradição, pela ideia infantil e caricata do conservador. O homem massa não questiona a si mesmo, nem seu papel ou funcionalidade na sociedade, como se as coisas “sempre foram assim”, sem enxergar além de seu círculo, significando o mundo a partir de sua condição, sem alteridade e capacidade reflexiva de se ver por diferentes óticas. Os coletivismos sempre foram uma ameaça ao mundo livre liberal, o homem massificado aceita perder a sua individualidade em nome de uma massa, tragado e anulado pelo coletivo. É a falsa liberdade! A verdadeira liberdade não é aquela que nos é concedida por uma centralidade, um Estado. É a autonomia daqueles que criticam inclusive o contrato social do Rousseau ou as prerrogativas marxistas.

O homem massa tem uma espécie de Logofobia, qualquer indício de transcender a sua condição animalesca, de racionalizar sobre algo, ele rejeita, escravo das paixões e dos sentidos. Ortega y Gasset é talvez o maior nome da literatura da hispanidade contemporânea, e aqui, seguindo seus ensinamentos para prezar o Logos e aquilo que podemos aprimorar, sem jamais rejeitar o popular, sem opô-lo ao erudito, falsa oposição da discussão sobre cultura, deixo um vídeo onde comento sobre a sua mais famosa obra:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qual a visão de Brasil e América Hispânica que temos?

É preciso sempre deixar bem claro que nossa iniciativa é meramente um movimento CULTURAL. Quando dizemos que o Brasil se insere no universo ...